Num exame de teologia, um aluno escreveu que “para Lutero o ser humano está sempre na fossa”. O professor deve ter sublinhado ou riscado a vermelho, mas o aluno expressou bem em linguagem popular o pessimismo antropológico de Lutero (Agostinho de Hipona pensava o mesmo).

Acontece que o encontro entre Jesus e a samaritana (Jo 4; nem nome tem, como muitas outras mulheres da Bíblia, o que só denota androcentrismo da cultura antiga – evangelhos incluídos) dá-se ao pé de um poço, o de Jacob. O poço é o oposto à fossa no que a águas diz respeito. A fossa é um mau sítio para se estar dentro. O poço é um bom sítio para se estar fora. Água fresca, encontros, conversa, revigorar de forças para trabalhar ou continuar a caminhada.

Para a samaritana, o poço é lugar de descoberta do homem, judeu, profeta, messias - Jesus. É esse o caminho que podemos fazer na busca de água fresca. Tira qualquer um, seguramente, da fossa.